A democracia real em nosso país

Ingressei no Ministério Público do Estado do Rio Janeiro, em concurso público realizado no final de 1970/ abril de 1971, no primeiro concurso que permitia a inscrição de mulheres e outros  800 concorrentes, em cumprimento de preceito da da Assembléia Constituinte de 1946, assim como Assembléia Constituinte de 1998. Homenageio nesta oportunidade o decano do STF, Ministro CELSO DE MELLO, maior símbolo da magistratura nacional, exercendo-a sempre com competência ,assim como JOSÉ GENOÍNO e  LUIZA ERUNDINA símbolos da luta política nacional.

Dos últimos noventa anos da nova República, iniciada com golpe do gaúcho Getúlio Vargas, apenas 53 anos com democrática e 37 anos de regimes autoritários e ditatoriais resultantes de golpes militares, com falsos discursos de salvação nacional, contra os perigos do comunismo e  a corrupção. Todos inspirados em princípios nazifascistas e em discursos de Hitler e Mussolini.

Nas últimas décadas, as elites dirigentes, os banqueiros da FEBRABAN e os empresários da FIESP mudaram de tática,  como bem revelam os professores e cientistas políticos  Steven Levitasky e Daniel Ziblatt, em COMO AS DEMOCRACIAS MORREM, cuja primeira edição é de 2000, os autores sustentam sua tese com os casos concretos de Trump nos USA, Itália, Hungria e Polônia, sem mencionar o nosso país porque o nazifascismo  brasileiro ainda não tinha assumido o poder com as eleições de 2018.

Com os mesmos e falsos argumentos de defesa da sociedade e do povo dos perigos de governos socialistas e comunistas em nome de Deus, da  Pátria e da Família”, conseguiram o apoio das classes C, D e E, que somam 80% de nosso eleitorado, e, como sempre foram manipulados pelas elites dirigentes da classe A e classe média privilegiada e alienada politicamente (classe B), que somaram os mais de 57 milhões de votos, derrotando um digno e honrado Professor universitário,  o melhor Ministro de Educação.  Preferiram eleger um psicopata, nazifascista, misógino, homofóbico, defensor da ditadura militar e da tortura, da violência e das armas como  a única solução para os elevados índices de concentração de renda, a desigualdade social,  a educação e saúde deficientes, um meio ambiente degradado e da biodivesidade destruída.

É essencial, portanto, que todos os brasileiros com consciência social e política,  já nas eleições municipais deste ano,   iniciem uma luta  pela transformação  da democracia virtual em democracia real, com a redução da vergonhosa desigualdade social, a defesa do ambiente, educação e saúde como direito de todos, enfim a luta pela democracia real em nosso país.

Antonio Carlos Biscaia

Ex-Procurador Geral de Justiça RJ
Ex- Secretário Nacional de Justiça
Ex-Deputado Federal

Surgira uma séria disputa entre o cavalo e o javali, então, o cavalo foi a um caçador e pediu ajuda para se vingar. O caçador concordou, mas disse: “Se deseja derrotar o javali, você deve permitir que eu ponha esta peça de ferro entre suas mandíbulas para que possa guiá-lo com essas rédeas e que coloque esta sela nas suas costas, para que possa me manter firme enquanto enfrentamos o inimigo”. O cavalo aceitou as condições e o caçador o selou e brindou. Assim com a ajuda do caçador, o cavalo logo venceu o javali e disse: “agora desça e retire essas coisas de minha boca e de minhas costas.” “Não tão rápido, amigo”, disse o caçador. “Eu o tenho sob minhas rédeas e esporas e por enquanto prefiro mantê-lo assim.”  (O javali, o cavalo e o caçador – fábula de Esopo).

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