A ditadura militar e a unidade dos nazifascistas

Nasci nos anos 40 em Curitiba, capital do Estado do Paraná, na época uma pacata cidade com cerca de 350.000 habitantes. Minha mãe era neta do Coroné Quinco Cabral, semelhante aos coronés do interior dos diversos estados brasileiros do sul ao norte, do nordeste ao centro-oeste.  Meu avô materno levantava o braço direito e cumprimentava os amigos com “anauê”, mesma saudação dos fascistas e dos nazistas da Europa continental, e coordenava o grupo de integralistas no estado do Paraná.

Ainda na minha adolescência, viemos morar no Rio de Janeiro, com vagas explicações que mencionavam problemas financeiros. Assim, nascido de família integralista do sul do país, passei a viver como jovem de classe média baixa em Copacabana. De outro lado, eu e meus irmãos adquirimos consciência social e política de esquerda, como testemunhas do golpe militar de 1964 e da ditadura militar que perdurou por mais de 20 anos.  Tomamos conhecimento das práticas de tortura e de todas as atrocidades dos militares golpistas

Assistimos as passeatas na Av. Atlântica com gritos fascistas: pelo resgate da nação brasileira, em defesa de Deus, da pátria e da família. O Promotor do Estado de São Paulo, Hélio Pereira Bicudo, lançou seu livro “Meu Depoimento sobre o Esquadrão da Morte”, na tentativa de barrar as torturas e os assassinatos praticados pelo Delegado Fleury, e dos órgãos de inteligência militar como Cenimar, Ação Secreta da Aeronáutica, DOI-CODI.

Os Professores da Universidade de Harvard, Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, em seu best-seller COMO AS DEMOCRACIAS MORREM, após estudarem o colapso dos regimes democráticos na Europa e na América Latina, os oferecem uma análise alarmante do processo de subversão da democracia que ocorre atualmente nos Estados Unidos, a partir da eleição de Donald Trump.

Para isso comparam o caso de Trump com exemplos históricos de rompimento da democracia nos últimos cem anos: da ascenção de Hitler e Mussolini nos anos 1930 à atual onda populista de extrema-direita na Europa, passando pelas ditaduras militares da América Latina dos anos 1970. E alertam: a democracia atualmente não termina com uma ruptura violenta nos moldes de uma revolução ou de um golpe militar; agora, a escalada do autoritarismo se dá com o enfraquecimento lento e constante de instituições críticas – como o Judiciário e a imprensa – e a erosão gradual de normas políticas de longa data.

Os exemplos se aplicam ao atual quadro político brasileiro. Com o voto de 57 milhões de brasileiros, um psicopata nazifascista, misógino, homofóbico, defensor da tortura e da violência, em um país profundamente injusto e desigual, assumiu a presidência da república.

A reação das forças democráticas e progressistas deve iniciar nas eleições municipais deste ano para impedir que, mais uma vez as elites dirigentes da FIESP, FEBRABAN, com apoio dos militares saiam vitoriosos.  Não se repitam os erros nos segundos turnos das eleições municipais em nossa cidade. Em 2008, Eduardo Paes, com apoio de Sérgio Cabral, derrotou Fernando Gabeira. Em 2016, o Bispo da Igreja Universal derrotou Freixo. Vamos à vitória com Martha Rocha (12) do PDT.

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